sábado, 17 de abril de 2010

Oportunistas da desgraça alheia


Os urubus de tragédia



Niterói vive a maior tragédia de sua história. Choramos todos a perda de parentes, amigos e conhecidos. Mas ninguém tem a dimensão da dor de uma mãe ou de um pai que perdeu seu filho nesses desabamentos. O presidente da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia, Yan Schumann Martins, afirmou que o temporal que caiu em Niterói foi o maior desastre geotécnico da história do País, só comparado as grandes tragédias como terremotos e tsunamis.

De tão grave e imprevisível, que os estudos apresentados por dois professores da UFF não apontavam nenhum indício de tragédia no Morro do Bumba. Nos estudos dos especialistas, o Morro aparece como uma área residencial como qualquer bairro. Além desses dois estudos, agora, pós-tragédia, surge uma série de teses de “especialistas” com soluções subjetivas e previsões esotéricas.

Com todo respeito a classe acadêmica, porque os ´professores não deram visibilidade as suas teses antes? Simples, nos anos anteriores não dava Ibope. Hoje, pelo menos, são 15 minutos de fama. E a grande mídia, já que jornalismo “virou” sinônimo de mídia, que transformou a tragédia e o resgate dos corpos num Reality Show, como se a população de Niterói, as famílias enlutadas e os próprios corpos fossem “atores do Big Brother".

Qual o papel social de uma TV ou grande mídia? Não seria também de se esperar de um veículo de massa sua contribuição social com campanhas de alerta sobre encostas e desabamentos, além do entretenimento e do lucro? Mais grave que a omissão social no jornalismo é a distorção dos fatos, como vem ocorrendo. É muito flagrante na TV o corte que é feito numa fala, indo para o ar, apenas o que interessa ao veículo.

Outra posição viciosa e comprometida da mídia é querer comparar a tragédia do temporal na cidade com as obras do Caminho Niemeyer. Lá atrás também o MAC sofreu uma saraivada de críticas e o tempo mostrou que “os do contra sempre” não tinham razão. O MAC, além de ser um símbolo turístico para o mundo, atrai divisas e gera empregos na cidade. Assim também será o Caminho Niemeyer, como é no Rio, o Sambódromo e tantos outros monumentos no Mundo. Os investimentos federais para o Caminho Niemeyer são verbas carimbadas, que não comprometem as finanças municipais. E, sem dúvida, será um dos maiores equipamentos turísticos do País, que atrairá divisas e gerará centenas de empregos. Bases importantes para a recuperação da cidade nessa fase crítica.

Se fosse levar em conta “os do contra sempre”, neste momento trágico”, o poder público teria que parar todos os serviços, os investimentos na educação e na saúde, no município. No entanto, é o momento de todos os setores estarem irmanados e funcionando voltados no atendimento às famílias vítimas dessa tragédia. A vida será sempre prioridade, e muito mais para essas famílias desalojadas e desabrigadas. Mas não é como pensam e agem alguns oportunistas, que usam a dor alheia para aparecerem, terem lucros ou usam politicamente a tragédia para se promoverem.


São os “urubus de tragédia”...