sábado, 9 de fevereiro de 2019

Alter do Chão, o paraíso

Mário Sousa é jornalista e escritor
Alter do Chão, um paraíso de praias de águas doce na Amazônia
Você já foi a Alter do Chão? É um paraíso da Amazônia, conhecido como “o Caribe brasileiro”. É uma vila que fica em Santarém, oeste do Pará, que esbanja encanto e é destacado como um dos lugares mais bonitos do Brasil e do mundo. Às margens do rio Tapajós, com suas praias de água doce, igarapés que mais parecem piscinas naturais, árvores milenares, trilhas que dão acesso a mirantes com vistas inesquecíveis, comunidades tradicionais protegidas pela floresta e um contato direto com a natureza e os animais, que ali vivem, são algumas das experiências e atrações que Alter do Chão tem a oferecer.
Imagine uma ou várias praias de rios de água doce, divididas ao meio por uma extensão quilométrica de areia, onde o acesso é por pequenos barcos e canoas. Você começa a entender o que é Alter do Chão, onde a natureza é a grande atração.
Uma pesquisa sobre demanda turística considerou Alter entre os 10 melhores destinos do mundo para se visitar em 2019., ficando em 8 lugar na lista. O Peru foi o grande vencedor, seguido pela Croácia e pela cidade do Porto, em Portugal.
A praia possui um cenário paradisíaco e guarda uma beleza única. Ideal para aproveitar o ‘verão amazônico’, que ocorre entre os meses de agosto a dezembro. De janeiro a julho, a ilha praticamente desaparece.
Origem - Alter foi um local das missões religiosas, comandadas pelos jesuítas. Até o Século XVIII, a vila era habitada pelos índios Borari. A vila fica distante aproximadamente 37 quilômetros do centro Santarém. O acesso se dá pela rodovia estadual Everaldo Martins, a PA-457, totalmente pavimentada. Outra maneira de chegar até a vila é pelo rio Tapajós, de barco ou de lancha.
A viagem dura em média 45min de carro e 3h pelo rio. Na vila, existem hotéis e pousadas e um albergue. Os preços das diárias variam a cada período do ano, durante os eventos tradicionais, os valores aumentam em algumas hospedarias.
A magia de Alter do Chão começa com a Ilha do Amor, na enseada do Rio Tapajós. Na beira do Rio, várias canoas, por apenas 5 reais, levam grupos de 5 pessoas, para o outro lado da Ilha, onde se concentram quiosques com comidas típicas da região.
Da mesma enseada saem pequenos barcos que levam os turistas para passeios parasidíacos , onde se conhece a rica fauna e flora da região, passando por lagos, igapós, lagos, praias, no meio da selva.
Artesanato - Na pequena pracinha, próximo a praia, um polo gastronômico com os peixes típicos da região,como o pirarucu, tucunaré, pixote, sambaqui. Em volta da praça, barracas com artesanatos típicos da região, além de show musical.
Centro de Atendimento - O Centro de Atendimento ao Turista fica num local privilegiado e estratégico a beira do rio. Curiosamente, para se chegar ao Centro de Atendimento, passa- por uma ponte, onde existe um lago (mangue)onde se escuta um som estridente de sapos , que habitam no local.
Associação - Na Ilha do Amor fica a Associação de Turismo Fluvial (Atufa) com vários guias. Ali você escolhe os passeios e em pequenos barcos conhece as atrações, entre elas:o Lago Encantado, Santuário dos Botos, Lago do Pirarucu, Ponta do Cururu, Floresta Encantada, Lago Verde, Serra da Piroca, Pindobal, Enseada do Saru, Comunidade dos Macacos, que reúne pessoas e famílias dos mais diversos lugares, que resolveram viver como nativos e se alimentam do que produzem no local.
Como chegar- De avião até o aeroporto de Santarém. Outras opções são os navios ou barcos até o porto de Santarém. Da cidade de Santarém até Alter do Chão são 35 minutos de táxi.
Hotel Mirante da Ilha, sofisticação e privilégio
Além dos passeios fantásticos de Alter do Chão, comodidade e conforto não podem faltar na sua viagem. Inclua , então, na sua agenda o Hotel Mirante da Ilha, que fica em frente a Ilha do Amor, a principal praia e a vista mais deslumbrante do local. O café da manhã e refeições são servidos no terraço do hotel, com uma vista privilegiada para o Rio Tapajós, e uma sinfonia de cantos de pássaros, que entram e saem do terraço, alguns com ninhos no telhado.
Tudo que você precisa de um bom hotel, você encontra no Mirante da Ilha: bom atendimento dos funcionários, café da manhã, almoço e jantar , com comidas regionais. Os quartos são amplos, individual, casal, duplo ou triplo, com TV, telefone, frigobar. O hotel tem piscina e bar. Faz transfer com carros climatizados.
O Mirante da Ilha fica na Rua Lauro Sodré, 369 – Alter do Chão. reservas@hotelmirantedailha.com.br . Te. 93 35271618 -35271110. www.hotelmirantedailha.com.br
O turismo começou a despertar nos 70 em Santarém, com a construção Santarém-Cuiabá e a Transamazônica. Na época havia uma expectativa da abertura dos cassinos. A Companhia Tropical , empresa de hoteleira, comprou uma imensa área em Santarém, que era da Varig, e construiu um grande hotel. Alter do Chão era apenas uma Vila de Pescadores.
De lá pra cá, o Vale Tapajós começou a ser visto e Alter do Chão virou um boom. Fazemos o Turismo das belezas naturais, de praias, mata, igapós, várzeas, afirma Pedro Pereira Castro, gerente do Hotel Mirante da Ilha, que foi construído há 13 anos pelo atual proprietário Manoel Anselmo Campos.
Segundo Pedro Castro, a Ilha do Amor é a grande referência do turismo em Alter do Chão, mas é preciso mais estrutura na ilha, que é administrada pela Prefeitura de Santarém, com menos lixo nas ruas, fim dos bueiros e matagal. “Temos que preservar este paraíso”, afirma Pedro.
Segundo ele, os turistas que chegam a Alter do Chão e no Mirante Hotel vem muito de São Paulo, Minas, Belém , Manaus, Altamira, Mato Grosso, Rio de Janeiro e dos EUA e Inglaterra.
Festa do Sairé e o Festival dos Botos
Até meados do século passado, o Sairé tinha significado puramente religioso. Hoje, a comemoração une o sagrado e o profano. O Sairé festejado no mês de setembro com um ritual religioso, durante o dia, culminando com a cerimônia da noite, quando são feitas ladainhas e rezas. Depois, vem a parte profana da festa, com shows artísticos e apresentações de danças típicas e pelo confronto dos botos Tucuxi e Cor de Rosa, ponto alto da comemoração.
Ao longo dos anos, o Sairé foi ganhando novos contornos, com outros valores folclóricos sendo acrescentados pelos moradores de Alter do Chão, que descendem dos índios Borari. Carimbó, puxirum, lundu, desfeiteira, camelu, valsa da ponta do lenço, marambiré, quadrilha, cruzador tupi, macucauá, cecuiara e outras que marcam a riqueza de ritmos e a cultura da festa.
Na festa do Sairé os elementos religiosos e profanos caminham lado a lado. Ela começa no hasteamento de dois mastros enfeitados, seguido de ritual religioso e danças folclóricas desempenhadas pelos moradores da vila. No último dia, sempre uma segunda-feira, ocorrem a “varrição da festa”, a derrubada dos mastros, o marabaixo, a quebra-macaxeira e a “cecuiara”, espécie de almoço de confraternização. A programação termina à noite, com a festa dos barraqueiros.
Em 1997, foi introduzido o Festival dos Botos, disputa entre as associações folclóricas Tucuxi e Cor de Rosa, na qual encenam a lenda do golfinho de água doce que se transforma num homem bonito, seduz e engravida as mulheres.