Comentário/ Artigo
Os especialistas em mídia e os grandes empresários começam a ver com outros olhos a Mídia Alternativa, principalmente os jornais alternativos, segundo o excelente artigo de Carlos Castilho, em consequência da crise mundial.
Em Niterói, especificamente, mesmo com a tradição marcante de 146 anos do Jornal O Fluminense e de A Tribuna, os dois diários da cidade e das antigas sucursais dos grandes jornais que aqui circulavam, a cultura predominante sempre foi a de alternativos. Já tivemos em décadas passadas, pelos idos de 70, cerca de 30 jornais alternativos circulando, com crise ou sem crise.
Aqui, os alternativos são como as Fênix, morrem e retornam. No momento, por mês estão em atividade, pelo menos, cerca de 15 alternativos, sejam semanários, quinzenários ou mensários.
Os especialistas em mídia e os grandes empresários começam a ver com outros olhos a Mídia Alternativa, principalmente os jornais alternativos, segundo o excelente artigo de Carlos Castilho, em consequência da crise mundial.
Em Niterói, especificamente, mesmo com a tradição marcante de 146 anos do Jornal O Fluminense e de A Tribuna, os dois diários da cidade e das antigas sucursais dos grandes jornais que aqui circulavam, a cultura predominante sempre foi a de alternativos. Já tivemos em décadas passadas, pelos idos de 70, cerca de 30 jornais alternativos circulando, com crise ou sem crise.
Aqui, os alternativos são como as Fênix, morrem e retornam. No momento, por mês estão em atividade, pelo menos, cerca de 15 alternativos, sejam semanários, quinzenários ou mensários.
Mário de Sousa
Jornalismo hiperlocal ganha adeptos na grande imprensa
Carlos Castilho - Observatório da Imprensa
Os grandes jornais começam a descobrir um filão informativo que até agora era explorado apenas por ativistas sociais e pesquisadores universitários. Trata-se da modalidade de jornalismo chamado hiperlocal voltado para a cobertura de comunidades sociais.
O novo formato jornalístico acaba de ser “abençoado” pelo jornal The New York Times que lançou o projeto Local , destinado a cobrir bairros da cidade de Nova Iorque, usando como principal matéria prima informações fornecidas pelos leitores e moradores.
Este formato já vinha sendo praticado há pelo menos quatro anos por alguns pioneiros como o site norte-americano Baristanet e estudado por pesquisadores como professor australiano Axel Bruns, que foi um dos meus orientadores informais na preparação do trabalho Produção Colaborativa Online de Notícias Locais, apresentado ao Departamento de Engenharia e Gestão do Conhecimento, na UFSC.
O projeto do Times está sendo desenvolvido em parceria com a escola de jornalismo da CUNY (City University of New York) numa iniciativa que conta com a participação do blogueiro e professor Jeff Jarvis . Três comunidades de New Jersey e duas do Brooklyn participam da primeira etapa do projeto que prevê a expansão para mais 20 outros bairros.
A cobertura comunitária voltou a ser uma preocupação da imprensa no auge da crise do modelo de negócios dos jornais, principalmente nos Estados Unidos. O segmento é visto como uma espécie de tábua de salvação no momento em que o público perde interesse nas notícias políticas bem como na informação internacional.
O noticiário local está associado ao surgimento da imprensa. O caso mais conhecido são os chamados Penny Papers (Jornais do Centavo) que revolucionaram a indústria dos jornais na Europa e nos Estados Unidos no século XIX. Os Penny Papers ofereciam uma alternativa até seis vezes mais barata que os jornalões da época, ao mesmo tempo em que substituíam as assinaturas pela publicidade paga como principal fonte de receita. Eles foram os precursores dos atuais jornais populares e sensacionalistas.
O retorno atual ao filão local acontece, no entanto, numa conjuntura totalmente diferente. A cobertura comunitária tornou-se demasiado cara para ser executada apenas por jornalistas profissionais, tornando quase compulsória a participação do público como fornecedor de notícias. Mas não é apenas o fator econômico que torna relevante a colaboração dos leitores.
As comunidades sociais são um manancial de conhecimentos essenciais na formulação de programas públicos para saúde, educação, moradia, segurança e transporte, capazes de contrabalançar a tendência dos burocratas de produzir projetos de escritório. É o chamado conhecimento tácito que necessita ser transformado em conhecimento explicito por meio da comunicação, num processo onde o jornalismo pode ter um lugar predominante.
Esta é a importância, por assim dizer teórica, da cobertura local e hiperlocal no jornalismo. Por outro lado, ela envolve não apenas mudanças de estratégias comerciais mas principalmente de alguns valores e rotinas adotados pelos jornalistas profissionais. O principal deles é a aceitação da colaboração e participação dos membros de comunidades sociais na produção das notícias locais.
O inchaço urbano tornou proibitivo o custo da cobertura jornalística localizada por conta das distâncias e concentração demográfica, ao mesmo tempo em que a internet disponibilizou para canais baratos rápidos de comunicação para os moradores até dos bairros mais pobres, como as favelas. Assim, a parceria entre cidadãos comuns e jornalistas não só é desejável como é inevitável, porque a cobertura local pode reaproximar os veículos de seus leitores.
A produção colaborativa de notícias é um fenômeno que está começando a ser estudado mas que ainda necessita de muita pesquisa de campo. O caso do projeto Locals é a primeira experiência séria no segmento dos grandes conglomerados jornalísticos. Mas entre jornais regionais e locais há dezenas de experiências em curso nos Estados Unidos, umas mais outras menos bem sucedidas.
Há pouco mais de um ano eu apresentei um projeto de cobertura hiperlocal envolvendo alunos de uma faculdade de comunicação e um jornal da rede RBS, no sul do Brasil. O projeto não foi aceito porque o jornal exigia o controle absoluto sobre a produção de notícias geradas a partir das comunidades sociais. Nem mesmo os estudantes de comunicação foram considerados confiáveis.
A insistência no controle é um obstáculo que inviabiliza a colaboração e participação porque transforma os membros de uma comunidade em virtuais empregados do jornal. Com isto a agenda da empresa tende a se sobrepor a agenda comunitária, mascarando a realidade local e dificultando a conversão do conhecimento tácito em explícito. É um comportamento que precisa ser alterado. Com o precedente do NYT, que ainda é a bíblia da mídia nacional, talvez as coisas comecem a mudar.
Jornalismo hiperlocal ganha adeptos na grande imprensa
Carlos Castilho - Observatório da Imprensa
Os grandes jornais começam a descobrir um filão informativo que até agora era explorado apenas por ativistas sociais e pesquisadores universitários. Trata-se da modalidade de jornalismo chamado hiperlocal voltado para a cobertura de comunidades sociais.
O novo formato jornalístico acaba de ser “abençoado” pelo jornal The New York Times que lançou o projeto Local , destinado a cobrir bairros da cidade de Nova Iorque, usando como principal matéria prima informações fornecidas pelos leitores e moradores.
Este formato já vinha sendo praticado há pelo menos quatro anos por alguns pioneiros como o site norte-americano Baristanet e estudado por pesquisadores como professor australiano Axel Bruns, que foi um dos meus orientadores informais na preparação do trabalho Produção Colaborativa Online de Notícias Locais, apresentado ao Departamento de Engenharia e Gestão do Conhecimento, na UFSC.
O projeto do Times está sendo desenvolvido em parceria com a escola de jornalismo da CUNY (City University of New York) numa iniciativa que conta com a participação do blogueiro e professor Jeff Jarvis . Três comunidades de New Jersey e duas do Brooklyn participam da primeira etapa do projeto que prevê a expansão para mais 20 outros bairros.
A cobertura comunitária voltou a ser uma preocupação da imprensa no auge da crise do modelo de negócios dos jornais, principalmente nos Estados Unidos. O segmento é visto como uma espécie de tábua de salvação no momento em que o público perde interesse nas notícias políticas bem como na informação internacional.
O noticiário local está associado ao surgimento da imprensa. O caso mais conhecido são os chamados Penny Papers (Jornais do Centavo) que revolucionaram a indústria dos jornais na Europa e nos Estados Unidos no século XIX. Os Penny Papers ofereciam uma alternativa até seis vezes mais barata que os jornalões da época, ao mesmo tempo em que substituíam as assinaturas pela publicidade paga como principal fonte de receita. Eles foram os precursores dos atuais jornais populares e sensacionalistas.
O retorno atual ao filão local acontece, no entanto, numa conjuntura totalmente diferente. A cobertura comunitária tornou-se demasiado cara para ser executada apenas por jornalistas profissionais, tornando quase compulsória a participação do público como fornecedor de notícias. Mas não é apenas o fator econômico que torna relevante a colaboração dos leitores.
As comunidades sociais são um manancial de conhecimentos essenciais na formulação de programas públicos para saúde, educação, moradia, segurança e transporte, capazes de contrabalançar a tendência dos burocratas de produzir projetos de escritório. É o chamado conhecimento tácito que necessita ser transformado em conhecimento explicito por meio da comunicação, num processo onde o jornalismo pode ter um lugar predominante.
Esta é a importância, por assim dizer teórica, da cobertura local e hiperlocal no jornalismo. Por outro lado, ela envolve não apenas mudanças de estratégias comerciais mas principalmente de alguns valores e rotinas adotados pelos jornalistas profissionais. O principal deles é a aceitação da colaboração e participação dos membros de comunidades sociais na produção das notícias locais.
O inchaço urbano tornou proibitivo o custo da cobertura jornalística localizada por conta das distâncias e concentração demográfica, ao mesmo tempo em que a internet disponibilizou para canais baratos rápidos de comunicação para os moradores até dos bairros mais pobres, como as favelas. Assim, a parceria entre cidadãos comuns e jornalistas não só é desejável como é inevitável, porque a cobertura local pode reaproximar os veículos de seus leitores.
A produção colaborativa de notícias é um fenômeno que está começando a ser estudado mas que ainda necessita de muita pesquisa de campo. O caso do projeto Locals é a primeira experiência séria no segmento dos grandes conglomerados jornalísticos. Mas entre jornais regionais e locais há dezenas de experiências em curso nos Estados Unidos, umas mais outras menos bem sucedidas.
Há pouco mais de um ano eu apresentei um projeto de cobertura hiperlocal envolvendo alunos de uma faculdade de comunicação e um jornal da rede RBS, no sul do Brasil. O projeto não foi aceito porque o jornal exigia o controle absoluto sobre a produção de notícias geradas a partir das comunidades sociais. Nem mesmo os estudantes de comunicação foram considerados confiáveis.
A insistência no controle é um obstáculo que inviabiliza a colaboração e participação porque transforma os membros de uma comunidade em virtuais empregados do jornal. Com isto a agenda da empresa tende a se sobrepor a agenda comunitária, mascarando a realidade local e dificultando a conversão do conhecimento tácito em explícito. É um comportamento que precisa ser alterado. Com o precedente do NYT, que ainda é a bíblia da mídia nacional, talvez as coisas comecem a mudar.